Depois de juntar dinheiro
por vários anos e comprar o veículo à vista, o sonho se transformou num
pesadelo
Repórteres – Abidias Martins e Luciano Amorim –
UFAL
![]() |
Carro rodou na pista e bateu no muro da oficina. Foto:
Cortesia
|
Com o impacto, a parede do
imóvel caiu sobre o veículo. O sinistro deixou o carro destruído, apesar de o
condutor ter sofrido apenas escoriações. O prejuízo se tornou maior, por conta
do serviço de reforma da oficina, que ficou avaliado em três mil e quinhentos
reais.
Paulo recebeu a notícia com
muita tristeza, já que tinha esperado bastante para conquistar seu primeiro
veículo. “Foram economias de muito tempo, que fiz com o dinheiro que ganho como
pedreiro. Paguei à vista, e agora vou ter que arcar com o prejuízo”, lamentou.
Algumas semanas depois do
acidente, o carro foi trocado por uma moto CG 125 FAN, no valor de três mil e
duzentos reais. Dinheiro que mal serviu para custear a reforma da oficina.
![]() |
Valdeci e a esposa, Vânia, com o novo carro. Foto: Cortesia |
Acidentes
comuns
De acordo com Mário Dantas, escrivão
da Delegacia de Acidentes e Delitos de Trânsito de Maceió, mais de 300
inquéritos policiais foram instaurados por acidentes de trânsito, de janeiro a
agosto de 2014. Mais de 200 foram causados por embriaguez ao volante e em pouco
mais de 100 ocorreram mortes.
Dados do Departamento
Estadual de Trânsito (Detran), afirmam que a frota de veículos no estado de Alagoas,
até o mês de agosto de 2014, entre carros e motos, era de mais de 647.000.
Deste total, aproximadamente 70% transitam sem seguro automotivo.
Outro problema, que acontece
nas grandes capitais, são os roubos de veículos. Carros populares como Gol e
Uno são os que mais são roubados no Brasil e também em Alagoas, de acordo com
divulgação da Confederação Nacional das Empresas de Seguro (Cnseg).
A
necessidade do seguro
![]() |
Otávio Vieira Neto. Foto: Luciano Amorim |
Em caso de incêndio, batida,
chuva, desabamento etc., o proprietário de um veículo está protegido. E se o
condutor bater em outro carro, por exemplo, vai responder civilmente e pode
perder outros bens. “O bom é que o seguro também cobre os danos de terceiros,
além de atendimentos hospitalares. Por isso, é indispensável contratar um
seguro, hoje em dia”, disse o presidente.
Tendo como exemplo o caso de
Paulo, pedreiro citado no início desta reportagem, Otávio faz questão de
alertar: “Um acidente pode acontecer em fração de segundos. Por incrível que
pareça, estes casos acontecem constantemente. Em Maceió, a nossa Avenida
Fernandes Lima é recorde em acidentes”, alerta o presidente do Sincor.
De acordo com Otávio, já
existem clientes que primeiro pesquisam o preço dos seguros, para só depois
comprar o carro. Ele ainda destaca que o ideal é que se faça o seguro antes
mesmo de pegar a chave do veículo. Em alguns planos, no ato do agendamento da vistoria
já existe cobertura. “Em seguro, não se pode contar com a sorte”, finalizou.
O diretor financeiro do
Sincor-AL, Edmilson Ribeiro, diz que “muito mais do que os gastos, o cidadão
deveria aderir ao seguro pela responsabilidade civil e por consciência. Ainda
temos muitas pessoas que não têm noção da responsabilidade diante de um
acidente de trânsito. O seguro serve para reparar danos que podem acontecer com
qualquer um de nós”, destacou o diretor.
Outra questão importante tem
a ver com os financiamentos. Se acontecer roubo ou furto de um carro financiado,
o banco quer o carro quitado de qualquer jeito. Com o prêmio (indenização)
estabelecido na apólice do seguro, o proprietário pode quitar a dívida com o
banco, e ainda sobra dinheiro para dar entrada num carro novo.
Mercado
em alta
Ainda segundo Edmilson, o mercado
de seguros em Alagoas cresce acima da média nacional. Em 2013 o crescimento foi
de cerca de 20%, contra 15% do restante do país. Já em 2014, o número se mantém
estável. “A economia está estabelecida. Se a inflação permanecer deste jeito, a
expectativa é crescer ainda mais. O nordeste tem grandes tendências de ascensão
econômica para os próximos anos. Esperamos que este quadro se mantenha”, finalizou
o diretor.
Seguros
para carros usados
![]() |
Antes do acidente: Fiat Uno com a placa de venda. Foto: Cortesia |
Nem sempre é fácil contratar seguro para carros
usados. De acordo com Djaildo Almeida, corretor da Jaraguá Seguros e professor
do Sincor-AL, algumas seguradoras do estado não aceitam veículos muito antigos
ou sucateados. A maioria só trabalha com carros com até dez anos de uso. Este
prazo pode ser estendido, se o veículo não tiver itens com danos superiores a
40%. As principais restrições são com carros que já tenham sofrido muitas
batidas consecutivas, colisões de frente, sem licenciamento, com pneus carecas,
com chassi ilegível ou remarcado. “Diante disso, as chances de se fazer um
seguro são muito baixas. As exigências seguem as normas do Código Nacional de
Trânsito”, falou o corretor.
No entanto, se o carro já possui seguro há mais de
15 ou 20 anos, nada impede que seja feita a renovação periódica. Uma opção são
os seguros específicos, que embora não cubram 100% dos itens, podem fazer toda
a diferença. Alguns pacotes protegem contra roubo, danos a terceiros e oferecem
prestação de atendimento 24 horas. Nesses casos, as empresas fazem adequações à
realidade do cliente e o custo benefício é diferenciado.
Djaildo alerta, ainda, para o cuidado com os
seguros ilegais. Segundo ele, muitas “empresas” oferecem vantagens que não
podem ser cumpridas, como cobertura de itens que não constam no contrato, ou
ainda o pagamento de indenizações acima do valor real. O ideal é pesquisar o
cadastro da seguradora na Superintendência de Seguros Privados (Susesp), ou se
informar na sede do Sincor-AL. “Se a vantagem oferecida for muito boa,
desconfie”, finalizou o corretor.
O seguro para um Fiat Uno, ano 2006, tem
estimativa de custo entre mil e quinhentos e três mil reais. Para isso, o
veículo precisa ter a chave codificada, ou seja, só funcionar com as chaves
originais. As seguradoras fazem esta exigência para diminuir as chances de
roubo. Se o Uno for de 2014, o valor do seguro diminui, fica entre mil e
quinhentos e dois mil reais. O Gol, da Volkswagen, está na mesma média. Já o
Celta 2014, da Chevrolet, possui condições mais baratas, fica entre mil e
quinhentos e mil e setecentos reais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário