quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Mercado aquecido leva à contratação de seguros "exóticos"



Bom momento do mercado de seguros e atuação profissional de corretores garante crescimento acima da média nacional

Reportagem: Luciano Amorim e Abidias Martins - UFAL

Mercado de seguros cobre de automóveis até viagens (foto: montagem)
Há dois meses, quando a administradora Ana Gloria Santos foi a uma loja do centro de Maceió, em busca de uma nova máquina de lavar para sua casa, se surpreendeu com a oferta que o vendedor da loja lhe apresentou. Ao comprar o equipamento, que custava em torno de mil e cem reais, com o acréscimo de mais R$ 90, ela seria contemplada com um seguro de um ano. O pacote era completo e previa conserto em assistência autorizada, substituição e até ressarcimento do valor integral do bem em caso de qualquer avaria ou defeito provocado pelo uso, mesmo os não cobertos pela garantia da fábrica. O plano também adicionava mais um ano à garantia que todo produto já tem por lei. Ana contratou o seguro, apesar de até o momento não ter precisado utilizá-lo.

Casos como o da socióloga são cada vez mais comuns nos últimos anos em Alagoas. O mercado de seguros cresce em ritmo acelerado, acompanhando os bons ventos da economia nacional, afirma Otávio Vieira Neto, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (SINCOR-AL). Segundo ele, enquanto o mercado nacional na área cresce em torno de 15% ao ano, em Alagoas o crescimento está acima da média: em 2013, a venda de seguros cresceu 20%, número que deve se repetir em 2014. “Apesar da expectativa do mercado por conta do processo eleitoral, a perspectiva é de que o crescimento seja pelo menos igual ao de 2013”, afirma o presidente.

Segundo Otávio, o aumento na venda de seguros está atrelado principalmente ao bom momento da economia brasileira, mas não somente a isso: para ele, a excelência na formação do corretor de seguros alagoano, bem como sua capacitação e reciclagem constantes, são fatores que ajudam na preparação do profissional para os negócios. “Aqui formamos corretores após um curso com duração de nove meses; também fazemos 12 palestras anuais com grandes nomes do mercado, o que ajuda na troca de experiências”, afirma. 

A variedade de modalidades é outro fator que contribui para o aumento nas vendas. Hoje, é possível fazer um seguro tanto para equipamentos de uso diário da casa, como uma máquina de lavar, quanto para a própria casa, como fez a administradora Ana Gloria. Ao financiar a compra do seu imóvel, no bairro do Farol, um seguro contra desastres naturais lhe foi oferecido. Ela conta que no começo viu como desnecessária a contratação, mas conforme a cobertura e o preço foram ficando atrativos, acabou fechando negócio. “Qualquer um está sujeito a um acidente doméstico que pode se transformar num incêndio, por exemplo. Por isso, achei importante contratar”, afirma Ana, que completa dizendo que também tem seguro saúde para ela e seu filho, além do seguro do seu automóvel, um Hyundai i30 ano 2013.

Os automóveis, aliás, são o principal objeto de contratação de seguros em todo o Brasil. Para que um veículo esteja dentro da chamada “frota segurável”, é preciso levar em consideração fatores como marca, preço e ano de lançamento, além de características do condutor, como idade, sexo e histórico de acidentes. Existem ainda fatores estatísticos, como o índice de roubo de carros em cada cidade. Normalmente, veículos muito antigos, mal conservados ou em situação ilegal junto às autoridades não são passíveis de seguro.

Segundo Otávio Vieira, do SINCOR-AL, em torno de 30% da frota segurável em todo o país conta com um plano de seguro. Em 2013, acompanhando o recorde de vendas de veículos – O Brasil foi o 4° maior mercado mundial – foram contratados quase um milhão de seguros automotivos. “O carro é a paixão do brasileiro”, afirma Otávio. Para ampliar ainda mais as vendas dessa modalidade, em 2015 o congresso pode aprovar a lei apelidada de “desmanche legal”, que permite às seguradoras a instalação de peças conservadas retiradas de veículos sinistrados, o que pode reduzir o valor geral do seguro. 


Seguros “exóticos”



Edmilson Ribeiro, do SINCOR-AL (foto: Abidias Martins)
Surfando na onda da economia brasileira, o mercado de seguros abre espaço inclusive para produtos e serviços nem tanto, digamos, “ortodoxos”. É o caso de uma gama de novos seguros que vêm ganhando um mercado cada vez mais aberto. De acordo com o diretor financeiro do SINCOR-AL, Edmilson Ribeiro, cresce a procura por seguros empresariais, seguros de responsabilidade profissional e até de animais ou partes do corpo. “Ainda não tivemos aqui em Alagoas o seguro do bumbum ou dos seios, mais comuns entre os artistas no sudeste, mas já tivemos casos de seguros de cavalos e de pernas de jogadores de futebol, por exemplo”, afirma. 

Outro tipo ainda não muito comum que vem ganhando mercado é o “seguro de fidelidade”, que ao contrário do que o nome sugere, não tem nenhuma relação com uma possível desilusão amorosa do segurado, como explica Edmilson: “ o seguro de fidelidade é contratado no caso de pessoas que lidam com um determinado valor financeiro, e que utilizam do trabalho de terceiros na manipulação desse valor. No caso desse terceiro cometer algum desfalque, o seguro é acionado e cobre até o teto estipulado na apólice”. Ou seja, qualquer empresa que trabalhe com dinheiro em espécie, como transportadoras de valores, casas lotéricas, correspondentes bancários ou casas de câmbio, podem contratar este tipo de seguro para se protegerem contra possíveis desfalques que seus funcionários possam causar.

Ainda segundo Edmilson, até seguro contra “arrastões”, uma modalidade que começou a ser vendida em São Paulo para proprietários de restaurantes e bares, já começa a ser comercializada em Alagoas. Nesse modelo de seguro, tanto a empresa quanto os clientes que estiverem nela no momento do sinistro serão ressarcidos em caso de assalto ou “arrastão”, até o limite estabelecido na apólice. Existe a possibilidade inclusive de incluir uma cláusula chamada lucro cessante, que garante ao proprietário o pagamento do valor equivalente aos dias parados por conta do assalto. “É um investimento ínfimo, de menos de 1% do valor do faturamento anual da empresa, e uma segurança a mais em tempos de tanta violência”, finalizou.

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